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PayPal aposta na migração dos pagamentos para o mundo on-line
30/07/2018

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PayPal aposta na migração dos pagamentos para o mundo on-line

As novas tecnologias chegam com uma velocidade espantosa e, nos meios de pagamento, a migração do off-line para o on-line é uma certeza. O PayPal, veterano do Vale do Silício e gigante dos meios de pagamentos, reforça a sua posição apostando na oferta de soluções aderentes à transformação da experiência de consumo das pessoas. E é uma empresa e tanto, cujo valor estimado bate os US$ 100 bilhões. Mais de 10 milhões de estabelecimentos ao redor do mundo aceitam PayPal e, em 2017, realizou 7,6 bilhões de transações, das quais 2,7 bilhões (35%) por meio de dispositivos móveis. A companhia é líder em cross-borders - perto de das transações do PayPal dão-se entre fronteiras. São mais de 237 milhões de contas ativas - sendo 9 milhões de usuários na América Latina e 3,5 milhões no Brasil. À frente da companhia no País está Paula Paschoal, que está no PayPal desde o início da operação local e, em julho de 2017, assumiu como diretora-geral do PayPal Brasil. "Um dos focos da minha gestão é a diversidade. Acredito que ter pessoas diferentes dentro do time traz resultados mais criativos e completos", relata. Paula é casada, tem duas filhas e vive o desafio de conseguir equilibrar vida profissional e pessoal, tentando dar conta de tudo sem ser uma super mulher, comenta. Apaixonada por futebol, ela torce pelo São Paulo e esteve em Porto Alegre para a decisão da Libertadores, em 2006, contra o Internacional. "Sofri muito, fiquei arrasada, mas temos que lidar com as frustrações das coisas que estão fora do nosso alcance", comenta, lamentando que o seu time perdeu para o colorado.

Empresas & Negócios - O e-commerce é um dos segmentos que continua a crescer ano a ano, apesar da desaceleração do País. A que atribuir esse cenário?

Paula Paschoal - O segmento do comércio eletrônico, em que atuamos muito fortemente, é extremamente dinâmico. O Brasil, independente de todo o cenário macroeconômico, político ou de Copa do Mundo, ainda tem um potencial grande para crescer nessa área. Aqui, em média, 4% de todas as transações no varejo são feitas pela internet. Quando pensamos nos países mais desenvolvidos, que se anteciparam a esse movimento como a Inglaterra, Japão e Estados Unidos, esse índice é de 10% a 15%. Existe espaço grande de crescimento para as compras on-line pois temos um número altíssimo de usuários on-line e cada vez mais pessoas comprando por meio dos seus dispositivos móveis.

Empresas & Negócios - Como avaliar o uso de novas tecnologias, como o blockchain, nos meios de pagamentos?

Paula - Acreditamos que qualquer tecnologia que signifique mais segurança para os consumidores deve ser pensada com muita consideração. Mas antes de levantar bandeira e falar da revolução que algumas tecnologias poderão provocar, temos que analisar bem. O blockchain, por exemplo, tem um bom caminho a ser percorrido ainda antes de ser uma solução para uso em massa. Diversas iniciativas começam a surgir pelo mundo, inclusive de varejistas, para usar essa tecnologia para auxiliar na recuperação de sistemas ou antipirataria. Se será ou não bem sucedido ainda é muito difícil saber agora. Mas é uma tecnologia importante e o PayPal está analisando.

Empresas & Negócios - A segurança ainda é um receio das pessoas no hora de fazer compras on-line?

Paula - Sim, especialmente entre os brasileiros, que costumam ser mais desconfiados e ter muito receio de colocar os dados do seu cartão na internet. Um bom exemplo disso ainda é presença do boleto em muitas transações, ainda levando o consumidor do mundo on-line para o off-line. Temos trabalhado para quebrar esse paradigma, pois a verdade é que o comércio on-line é mais seguro que o off-line. Um ponto que nos ajuda nisso é a questão geracional, pois entre os consumidores mais jovens, das gerações Y e Z, esse índice de desconfiança cai. O PayPal trabalha muito forte com a questão da segurança, e está sempre pensando na gestão de riscos das duas partes que precisam efetuar pagamentos e não se conhecem. Qualquer experiência nossa passa por garantir que transação seja segura para quem compra e para quem vende. Os dados do seu cartão jamais são divididos com a loja e é o PayPal que fala "essa transação foi negada ou aprovada". O nosso sistema permite que você compre produtos em qualquer lugar do mundo e, caso não receba, a gente está do lado para garantir que tenha o dinheiro de volta ou o produto, e o mesmo vale para quem vende. Temos preocupação com o ecossistema todo.

Empresas & Negócios - A empresa tem uma área específica voltada para a inovação e uso das tecnologias emergentes para transformar a experiência de consumo?

Paula - Somos uma empresa de tecnologia que tem a inovação no seu DNA, então, todos os nossos times estão sempre vivendo e respirando inovação. Não há um grupo específico e, sim, um cenário em que esse tema perpassa todos os nossos projetos. As novas tecnologias, como Inteligência Artificial (AI), blockchain e outras, estão sempre sendo avaliadas. Estamos continuamente pensando quais são as tecnologias ideias para transformar a experiência de consumo. Esse é o grande desafio. Temos um exemplo claro nos últimos anos de como isso pode ser impactante, que é o dos aplicativos de mobilidade urbana. Há quatro anos, os brasileiros pegavam um táxi e só podiam pagar com dinheiro; agora as transações acontecem pelo aplicativo. É uma mudança que acontece por meio da tecnologia e que altera totalmente os hábitos dos consumidores.

Empresas & Negócios - Quais as próximas migrações do mundo off-line para o on-line que a PayPal está apostando?

Paula - Estamos trabalhando para estar presente nos segmentos que ainda não aceitam esse meio de pagamento, analisando as verticais que hoje fazem transações de formas tradicionais e tem potencial para migrar. Um foco esse ano são os postos de gasolina e já temos um projeto com a Shell. Cada bandeira poderá ter um aplicativo em que conseguirá oferecer experiências de pagamento aos consumidores por ali, sem que eles precisem esperar pela máquina e digitar senha. Eles fazem tudo sem ter a sensação de pagamento. Há alguns anos, isso já havia acontecido com as arenas de futebol e um case de sucesso no Rio Grande do Sul foi o do Grêmio. Quando inaugurou a Arena, eles nos escolheram como parceiros de pagamento, e assim tem sido até hoje. Todas as vendas de ingresso on-line são pelo nosso sistema. Depois disso, passamos a estar presentes em diversas outras arenas pelo Brasil. As mudanças estão acontecendo rápido demais, e isso é só o começo de todas as transformações que virão. No Brasil, a nossa meta é estar presente em todos os grandes e-commerce - hoje já estamos na grande maioria, como Netshoes, Magazine Luiza e Casas Bahia, mas queremos cobrir todas as possibilidades. Também temos olhado com muito carinho também para as startups e para microempreendedores.

Fonte: Jornal do Comércio - Patricia Knebel
Créditos da Imagem: Paypal/Divulgação/JC