Asgav Notícias

Mudança de paradigma - Entrevista José Eduardo dos Santos
12/07/2017

voltar
Mudança de paradigma - Entrevista José Eduardo dos Santos

A 1ª Conferência Brasil Sul da Indústria e Produção de Ovos (Conbrasul), ocorrida em junho, em Gramado, reuniu visões distintas sobre o uso de gaiolas na avicultura de postura, como as do diretor executivo da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), José Eduardo dos Santos, e da veterinária e auditora fiscal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Lizie Pereira Buss, expressas nestas entrevistas ao Correio do Povo Rural.

Como o setor avalia o anúncio feito por empresas com relação a ovos produzidos fora de gaiolas?

Existe todo um sistema de longos anos no Brasil e no exterior, de modo que não podemos dizer que as coisas vão mudar de hoje para amanhã. A ONG que levamos ao Conbrasul, que atua no mundo todo, tem essa consciência de que vai ser um nicho de mercado. Aqueles produtores que quiserem apostar neste sistema vão apostar, e quem quiser manter a produção convencional, vai manter. Hoje temos uma produção, no Brasil, de 39 bilhões de ovos por ano, que atende a indústria e o consumidor, e uma série de estabelecimentos, que também vão levar um longo período para se adaptar à tendência do ovo de galinhas criadas soltas. Não que sejamos contra. São alternativas de mercado. Assim como o orgânico, o ovo com ômega 3, com selenium.

Há preocupação com a biosseguridade?

Temos uma avicultura de postura moderna, são aviários automatizados, com todo o controle, passando também pelo sistema de biosseguridade. Até o telamento é lei. Logo ali do lado temos a situação de aves criadas soltas, que ficam suscetíveis à entrada de outros animais, outras aves e outros vetores. Teremos ali na frente uma encruzilhada em que vamos ter de optar: ou sistematizamos essa forma de criação de animais confinados, com aviários com alternativas de maior espaço de alojamento, condições específicas de um melhor bem-estar, ou vamos simplesmente abandonar a questão da biosseguridade e soltar as aves todas no campo, suscetíveis a algum tipo de enfermidade

O consumidor está demandando esses produtos?

É uma coisa pequena. A demanda vem impulsionada por algumas ONGs estrangeiras, representando grandes grupos, e estes grupos podem ver ali na frente se vai haver demanda suficiente para atender. Vamos observar tudo isso só com o passar do tempo.

Há impacto na alimentação da ave?

A ração básica é milho e farelo de soja. Solta, ela vai estar se alimentando de outros produtos da natureza: uma grama, um capim, uma fruta, um inseto. Pode ser um inseto com vetor de alguma doença. Então temos que ter todo um cuidado e ver qual vai ser a melhor situação para se adaptar a esse sistema.

Fonte: Correio do Povo 09/07/2017