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Frango: Arábia corta habilitações
23/01/2019

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A Arábia Saudita anunciou ontem o descredenciamento de 33 frigoríficos brasileiros de carne de frango. Seguem habilitadas 25 empresas. Na prática, segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), a decisão impacta sobre cinco plantas, já que as demais não estavam exportando de fato. As empresas que perderam a habilitação somavam 30% do volume vendido para o país asiático. A medida provocou repercussão no mercado, já que os sauditas são os maiores importadores de carne de frango do Brasil. Em 2018, os embarques de frango para a Arábia Saudita resultaram em receita de 803 milhões de dólares, o que corresponde a 14% do total obtido pelos frigoríficos do setor com exportação.

Os nomes das empresas descredenciadas não foram divulgados. Entre os frigoríficos gaúchos, permanecem habilitados ao mercado saudita o Nicolini, de Garibaldi, o Nova Araçá, de Nova Araçá, e as plantas da JBS de Passo Fundo e Montenegro.

Os motivos para o descredenciamento não foram apresentados pelos sauditas. Em Davos, onde participa do Fórum Econômico Mundial, o secretário-geral da Liga Árabe até 2011 e hoje um dos diplomatas mais influentes do Oriente Médio, Amr Moussa, afirmou que a decisão pode ter sido uma retaliação à ideia estudada pelo governo Jair Bolsonaro de mudar a embaixada brasileira em Israel de Tel-Aviv para Jerusalém. “Essa é uma expressão de protesto contra uma decisão errada por parte do Brasil”, insistiu.

O presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra, acredita que a medida deve-se a questões mercadológicas. “Eles querem fortalecer o produtor local”, comenta. No entanto, considera que ainda é cedo para apontar se esta tendência poderá reduzir as exportações para a Arábia Saudita. Turra destacou que ainda há espaço para que as empresas que ficaram de fora deste mercado possam vir a ser habilitadas no futuro. Ele acredita que “não há razão para pensar que seja uma retaliação”, referindo-se à mudança da embaixada em Israel. Turra, porém, já afirmou anteriormente que a decisão sobre a embaixada seria negativa para o setor. Em nota, a ABPA informou que “planos de ação corretiva estão em implementação para a retomada das autorizações”.

O diretor presidente da Cdial Halal, maior certificadora de carne de frango halal do mundo, Ali Saifi, considera que “declarações negativas contra o maior importador do Brasil” podem resultar em uma relação difícil com aquele país, numa referência ao desejo do governo federal de transferir a embaixada em Israel. “Isso criou um sentimento estranho, que não tínhamos antigamente", afirmou ao Correio do Povo.

Saifi também destacou que a Arábia Saudita possui grande influência não apenas entre os demais países do Oriente Médio, mas também entre muçulmanos de outros continentes. O dirigente citou ainda o cancelamento de uma visita de representantes do governo egípcio ao Brasil, agendada para o final do ano passado. Na ocasião, o Egito alegou uma mudança na agenda das autoridades do país. “Mensagens eles estão mandando, cabe a nós entender”, resumiu.

Fonte: Correio do Povo