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Forte declínio das exportações gaúchas já ocorria antes da pandemia
25/05/2020

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Em abril, as exportações da Indústria do Rio Grande do Sul totalizaram US$ 760,9 milhões, configurando uma nova retração de 14,7% em relação ao mesmo mês do ano anterior (US$ 891,8 milhões). A análise por setores de atividade econômica mostra que, dos vinte e três segmentos da indústria de transformação que tiveram algum embarque em abril, vinte e um registraram queda sob a base de comparação mensal, revelando uma contração bastante disseminada.

O setor de Alimentos segue impedindo que as quedas sejam mais intensas. Na comparação mensal, o setor cresceu 63,9%, atingindo a décima segunda variação positiva consecutiva. A China continua sendo a principal compradora, mesmo com a pandemia, com um crescimento de 286%. A Coréia do Sul também contribui para os maiores embarques do setor, já que seu rebanho também foi afetado pela peste suína africana e a sua demanda por esse tipo de produto do RS continua forte. Os grupos de Carne de frango in natura (+26,3%) e Carne de suíno in natura (+52,9%) são responsáveis pelo desempenho do setor.

A contração das vendas externas em abril é a sétima consecutiva na comparação com o mesmo mês do ano anterior. Assim, desde outubro de 2019, as exportações da indústria registram quedas na comparação interanual. Essa contração foi puxada pela queda nas vendas para os EUA e países da Europa, que já mostravam desaceleração econômica, e para a Argentina, em recessão aguda. Entre os setores, destacam-se as menores vendas dos produtos dos segmentos de Veículos automotores, Tabaco, Couro e calçados, Químicos, Celulose e papel. Esse grupo somado representava 40% das exportações da indústria no acumulado de janeiro a abril de 2019 e atualmente representam 34,1%. Por sua vez, as vendas de Alimentos aumentaram a sua participação para 23,5% da pauta exportadora do Estado, frente a 11,7% no mesmo período do ano passado.

O Real foi uma das moedas que mais se desvalorizou em relação ao Dólar no ano, superando o Peso argentino. Em que pese a taxa de câmbio mais desvalorizada possa significar maior competitividade externa dos nossos produtos, as expectativas não são positivas para os exportadores no curto prazo. Outros fatores devem ser drivers preponderantes nesse momento. Destacamos que, por conta da pandemia, o mundo está mais pobre, mais de 80% dos países devem verificar uma queda no PIB per capita nesse ano. Além do menor ímpeto para o consumo, a diminuição da demanda acirrará a concorrência em todos os mercados.

Fonte: FIERGS